BRANCA & EU

Ela era parecida com o Marley, do filme...acho que só mudava o fato de ser cadela mesmo. Foi arteira, comilona e pulava em cima de mim e me mordia como o tal. Assim como o cachorro lá do jornalista, ela me custou barata no início, peguei na rua. Não tinha nome, comida, nem família. A irmã, uma cachorrinha muito parecida com ela, só que preta, foi atropelada na frente de casa um dia antes de ganhá-la.

Foi num domingo, acho que o segundo de dezembro de 2008. Na segunda, ela morreu. Fiquei com tanto remorso de não poder ajudá-la, que trouxe a irmã, Branca (e de fato ela era...bege -D ) pra casa. Desde então, meu pai foi contra, meu tio também, porque ela usava a grama dele pra fazer as fezes...e como não tem cercado, ela fazia mesmo. Não tinha como controlar. Fui tentando educá-la, tampava os ouvidos quando ela começava a ganir sem parar pedindo comida. Podíamos satisfazê-la aos montes com ração, mas quem dizia que ela se saciava?

Bem, o fato é que ela crescia e cresceu ao ponto de não tê-la mais como "esconder", a preocupação minha com o cio, já estava me levando a cotar castrações junto aos veterinários da região, etc. Enquanto isso, ela comia as plantas da casa do meu tio, entrava na cozinha e roubava o bolo de cima da mesa e por último, a gota d'água, arranhou o carro do meu pai. Daí não teve jeito.

Quando cheguei em casa ontem, ela já não estava, foi levada para outra casa. Não deu tempo de escrever o livro, nem ganhar dinheiro...nem fazer sucesso como jornalista por isso, como o tal lá do filme. Mas me rendeu boas lembranças, das artes da Branca, que sabia fazer das minhas voltas para casa, as mais felizes...