terça-feira, 19 de maio de 2009

A Guerreira

Acho que nem todos tem o prilégio de ter uma bisavó, mas eu tenho. E se tem uma coisa que encho a boca pra falar é isso: eu tenho uma bisavó. Nesses casos, prefiro destacar o verbo ter ao invés do ser. E sabe por quê? Por que ela é meu exemplo. Gostaria de colocar o número exato de tataranetos, bisnetos, netos...mas a mente dela já tá fraquinha e no nosso último encontro ela não quis me dar muita entrevista.

Acho que já cansou disso e cheguei na história tarde, afinal, a velhinha tá com 93 anos. Isso, pelos cálculos da data de batismo dela, em 1914 na igreja mais antiga do Estado de Santa Catarina, na Armaçao da Piedade. Naquela época, início da 1ª Guerra...era difícil registro de nascimento, o que contava era o batismo.

E mesmo se ela tivesse o tal regsitro, não creio que ele tivesse resistido até hoje às intempéries por qual passou Palmira de Oliveira. A minha bisavó mais seu marido moraram por 40 anos na Ilha do Arvoredo, Reserva Biológica Marinha que fica no município de Governador Celso Ramos.
Ela ficava num farol, ele no outro. Casaram-se quando ela tinha 15 anos, depois que a mãe faleceu e respectivamente a tia do esposo...isso, Palmira e Lico (como era chamado meu bisavó) era primos. E se algum médico se ousar a dizer que os filhos nascem com deformidade...tem 15 filho para provar que não.

Parece até uma história como Lagoa Azul, mas creio que o romance não chega a essa da vida real. Pelo que contam e pelos poucos anos de vida que pude conhecê-lo antes de ir, quando tinha uns 9 anos...meu bisavó trabalhava, era um bom marido, mas bebia e muito. Foi minha bisavó, a guerreira que tocou a família, a casa e viajou de barco por cerca de um mês com uma tripulação só de homens para comprar bois e cabras para levar pra Ilha. Naquela época, praticamente um crime uma mulher viajar somente com homens!

Bem, as histórias que ela me contou e durante as "temporadas" (como ela diz o tempo que fica de casa em casa dos familiares, porque já não tem mais a sua) que ela pode ficar aqui em casa, aprendi muito com ela. Entre tantos netos ela me escolheu pra dar a aliança de casamento do meu bisavó...não deve nem se lembrar mais. Mas, eu não me esqueço. Pra mim, essa velhinha e seu cajado ainda tem muito o que ensinar.






Nenhum comentário:

Postar um comentário