A primeira impressão é de que é um menino, pois os cabelos curtos e a camiseta regata conotam uma aparência masculina. Começamos a conversar. Ela diz fazer judô às segundas e quartas-feiras. Nas terças e quintas têm aulas de futsal e na sexta de coral. A mãe, portadora de deficiência que está à frente da catraca olha para trás, dá uma risada e diz: “ah! Estás entrevistando a menina que parece um menino?”. Pergunto à Makeila se ela se sente incomodada com isso e fala que não. “Sei que sou menina”.

A atitude rápida da menina se diferencia do ar desolado do menino que vendia balas no Mercado Público de Florianópolis para comprar seu presente de Natal. Das duas vezes que o encontrei, perguntei seu nome. A cada vez, um diferente. Fazias outras perguntas a ele, mas sua única ação era olhar para o chão fixamente. Ele fugia das perguntas como se pudesse assim fugir também da realidade.
No Natal da menina que parece menino a história é diferente. Para ela, muitos presentes. Dos avós, com quem mora no bairro do Rio Tavares, ela ganhou roupas. Da mãe, um chaveiro grande em formato do Garfield e outras coisas mais. Makeila tem sonhos. Quer ser veterinária, jogadora de futsal e cobradora. Ela afirma que dará conta de tudo, pretende trabalhar cada turno com uma atividade diferente.
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